terça-feira, 11 de agosto de 2020

O PAPEL DO VIBRACIONAL

 

O PAPEL DO VIBRACIONAL

Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?

(I Coríntios, 5:6)

Índice   

       1. Definição de Médium

       2. Médium Vibracional

       3. Vibração e Vibracionais

            4. A função do Médium de sustentação

       5.  O que deve evitar o Vibracional

       6. Necessidade e utilidade da Vibração

             7.  Preparo para a reunião mediúnica

             8.  O Vibracional e sua Importância


1.    Definição de Médium

E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara. (Lucas, 10:2)

Segundo Allan Kardec, os médiuns são as pessoas intermediárias para os Espíritos, sendo instrumentos de manifestação, conforme a natureza ou grau da faculdade mediúnica, cuja estrutura depende de uma disposição orgânica especial suscetível de desenvolvimento. Acerca dessa questão, podemos verificar em O Livro dos Médiuns – item 159 do capítulo XIV de O Livro dos Médiuns, o seguinte:

(...)Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva(...)” (grifos acrescentados)

A palavra médium é de origem latina e tem o significado de medianeiro, aquele que está no meio. Assim sendo, ele serve de intermediário entre o mundo físico e o espiritual. Deste modo podemos afirmar, que todos nós somos médiuns, pois durante nossas vidas passamos por algum tipo de fenômeno natural. Afinal quem é que nunca viu um vulto diferente, teve pesadelos, sonhos, premonições etc.? Só não podemos afirmar que somos médiuns ostensivos, aquele que tem contato e transmitem as mensagens dos espíritos.

O vocábulo médium ostensivo foi modernamente acolhido pela linguagem espírita, para fins didáticos, a fim de deixar bem diferenciado a mediunidade natural, imperceptível, ordinária - se é que assim podemos dizer - daquilo que se ostenta, que não se pode ocultar, pois, independe de nossa vontade de possuí-la ou não.

Diante destas explicações, podemos concluir que médium é uma palavra neutra, que designa tanto a mediunidade Natural como a Ostensiva. Sendo que médium ostensivo é aquela faculdade “bem caracterizada” e “se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade”, que apresentam fenômenos físicos e intelectuais. Os médiuns ostensivos são, portanto, aqueles que possuem uma maior e mais evidente capacidade de serem intermediários dos Espíritos seja, por exemplo, através da psicofonia (fala), psicografia (escrita), vidência (visão) ou audiência (audição). O médium natural é aquele que apresenta a organização menos sensitiva, ou seja, que, sob o ponto de vista da produção do fenômeno em si, tem menor participação. Esta última categoria pode ser denominada de “médium de sustentação ou vibracional”, cuja análise é o objeto central desta apostila.

2.     O Médium Vibracional

 “Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?” - (I Coríntios, 5:6)

 

Allan Kardec dividiu de forma simples e em duas classes os fenômenos mediúnicos, os de efeitos inteligentes e efeitos físicos. Porém, notando a generalização da mediunidade, os espíritos o esclareceram:

(...) Deus me encarregou de desempenhar uma missão junto dos crentes a quem ele favorece com o mediumato. Quanto mais graça eles recebem do Altíssimo, mais perigos correm e tanto maiores são esses perigos, (...) – (O Livro dos Médiuns, cap. 32, mensagens 12 do Espírito Joana D’Arc)

Como podemos ver, o termo mediunato foi dado pelos espíritos, que diferenciava duas áreas da função mediúnica, a mediunidade natural ou generalizada, a qual todos os seres humanos a possui em algum grau, e a mediunidade de serviço ou mediunato, a qual são indivíduos investidos espiritualmente de potenciais mediúnicos, que se mostram produzindo fenômenos para finalidades específicas na encarnação, conhecidos como médiuns ostensivos. Nesse trecho do O Livro dos Médiuns – item 159 do capítulo XIV, temos referência na codificação quanto a generalizada:

“Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns.” 

Esse trecho esclarece, existe uma relevante diferença entre as duas áreas mediúnicas. Mas, um outro aspecto a ser observado, na mediunidade natural se pode ser influenciado pelos Espíritos, conforme ensina O Livro dos Espíritos de Allan Kardec na questão 525 e 525-a, e no Livro dos Médiuns questão 244:

(...)A faculdade mediúnica é para eles apenas um meio de se manifestar; na falta dessa faculdade, fazem-no por mil outras maneiras, mais ou menos ocultas. Seria, pois, um erro crer que só por meio das comunicações escritas ou verbais exercem os Espíritos sua influência; esta influência é de todos os instantes, e os que não se ocupam com os Espíritos, ou mesmo não creem neles, estão a eles expostos como os outros, e mesmo mais do que os outros porque não têm contrapesos.(...)

  Embasado nas instruções dadas por Allan Kardec pode-se deduzir que é natural a nossa ligação com o plano espiritual pela mediunidade generalizada, pois é por meio dela também, que recebemos a influência e as intuições dos nossos guias e mentores espirituais, como também, dessa mesma forma, sofremos a influência dos espíritos inferiores, se não observarmos o preceito de Jesus: “Vigiai e Orai”.

Há mais uma ressalva a fazer quanto a mediunidade natural, ela possui vários graus (ver O Livro dos Médiuns – item 159), assim sendo, há médiuns naturais que tem capacidade de sentir, registrar e de captar as vibrações dos Espíritos em algum grau. Estes são os sensitivos ou impressionáveis, embora não sejam intermediários dos Espíritos (Livro dos Médiuns, item 164).

O termo “vibracional” ou “médium vibracional” possui sinônimos na literatura espírita, tais como: “participante”, “assembleia”, “assistente”, “apoio” e “médium de sustentação”.

E segundo o dicionário de termos espíritas - Doutrina Espírita no Tempo e Espaço, o papel do vibracional é daquele que “procura envolver o irmão necessitado, encarnado ou desencarnado, em ondas de energia eletromagnética imbuídas de afeto, bem estar, saúde, através da oração e do pensamento em Deus. (...) modernamente o termo médium de sustentação, vem sendo aplicado, entre outros, ao encarnado que, participando de uma reunião mediúnica, não sinta qualquer influência significativa à presença de um espírito desencarnado”.   

Hermínio Miranda, no livro Diálogo com as Sombras, denomina o médium de sustentação, de participante. De acordo com Miranda, o participante deve preparar-se para a situação eventual de conviver com o grupo por muitos anos, sem que nenhum fenômeno ostensivo seja apresentado em sua intimidade, sendo comum mesmo o desenvolvimento de preciosas mediunidades, as quais se acham apenas em potencial, em período de expectativa e de provas, a fim de se lhes experimentarem a paciência e a tenacidade.

Miranda destaca um esclarecimento dado por um dos Espíritos orientadores do grupo ao qual pertenciam. Quando lhe foi perguntado sobre a função de um dos integrantes sem mediunidade ostensiva, afirmou que (...) tal pessoa (...) prestava excelentes serviços, como um dínamo de vibrações amorosas, de que estava pleno o seu coração. Esses recursos eram amplamente utilizados no trabalho, sem que ela tivesse consciência do fato.

Independentemente da denominação recebida, percebe-se o valor deste instrumento de Jesus, como aquele carreador de correntes vibratórias, tão importantes para a realização dos fenômenos mediúnicos, como é o médium ostensivo. Muitos destes médiuns, chamados de sustentação, desconhecendo essa realidade, lamentam muitas vezes não terem reencarnado com um determinado aspecto mediúnico, ou seja, com mediunidade ostensiva, por acharem que a sua participação em uma sessão espírita seja de menor importância.

3.    Vibração e Vibracionais

Na literatura espírita encontramos diversos exemplos que mostram a importância da vibração nas tarefas dirigidas pela espiritualidade. O termo “vibração”, embora muito utilizado atualmente, tem sido expresso de diferentes maneiras na literatura espírita, como as de André Luiz, tais como “forças mentais”, “raios mentais”, “energias psíquicas”, “raios vitais”, “raios ectoplásmicos”, “forças ou energias ectoplásmicas”, “magnetismo humano”, “forças magnéticas”, “raios”, “ondas”.

Vibração, segundo o dicionário de termos espíritas, “consiste na reunião de algumas pessoas que, em prece e pela ação da vontade, emitem pensamentos benevolentes para uma pessoa que esteja, física ou moralmente doente, ou mesmo sã, mas atravessando período de dificuldades. (...) O pensamento é vida, dinamicidade e, dessa forma, qualquer pessoa pode emitir vibração em benefício ou prejuízo de outrem, de acordo com os sentimentos próprios; porém, a vibração propriamente dita tem sempre a finalidade de auxiliar alguém”. E por fim, “vibrar é emitir pensamentos de amor, saúde, equilíbrio, em benefício de uma ou mais pessoas que estejam à distância ou mesmo presentes. Essa atitude provoca emissão de fluidos salutares em maior ou menor intensidade, conforme a vontade e preparo espiritual de cada médium vibracional”.

Essas vibrações que emitimos estão relacionadas diretamente à capacidade de pensar. Pensar é vibrar. De acordo com o conteúdo e características dos pensamentos de uma pessoa, pode-se, de forma simplificada, classificá-la como possuidora de uma vibração baixa ou elevada. A vibração elevada é característica de espíritos esclarecidos e evangelizados, os quais exercitam constantemente o amor, a caridade, a benevolência, o devotamento, a abnegação e o autoconhecimento. Possuem interesses voltados principalmente para a vida espiritual. Já a vibração baixa é característica de espíritos ignorantes e pouco evangelizados, nos quais predomina ainda o orgulho, o egoísmo, o ódio, o rancor, a inveja e o fato de estarem ligados principalmente à vida material.

Na maioria de nós ainda há o predomínio das vibrações baixas na maior parte do tempo e possuímos momentos de vibrações “um pouco mais elevadas”. Portanto, quando nos candidatamos a ser médiuns vibracionais em qualquer tarefa espírita, inclusive em reuniões mediúnicas, temos pela frente o desafio de sustentar, por uma ou algumas horas, boas vibrações que possibilitem o desenvolvimento harmonioso dos trabalhos. É importante lembrar que o alcance dos objetivos traçados pela espiritualidade para a reunião depende desse esforço.

Finalizando, estas reflexões iniciais sobre vibração e vibracionais, médiuns vibracionais em uma reunião mediúnica são todos os presentes, não importando qual função desempenhem (dirigente, esclarecedores, médiuns ostensivos, médiuns de sustentação e inclusive visitantes). E vale lembrar que não são, necessariamente, aqueles que há meses ou anos frequentam a reunião, uma vez que aquele que visita a reunião pela primeira vez pode vibrar mais adequadamente que o próprio tarefeiro. Isso ocorre quando o tarefeiro passa, ao longo dos meses ou anos, a realizar sua tarefa de forma automática, sem amor, sem carinho, como uma simples rotina. E então passa a vibrar menos intensamente acreditando que toda reunião é igual às anteriores, ou seja, acomoda-se.

4.    A função do médium de sustentação

O que fazer, como fazer, o que não fazer como vibracional? O que deve ser feito pelo médium de sustentação durante uma reunião mediúnica para manter uma vibração que verdadeiramente auxilie no bom andamento dos trabalhos? São questionamentos que vêm à nossa mente quando estamos imbuídos do espírito de boa vontade e empenhados nas tarefas do bem.

Para começar a refletir trazemos as palavras do Livro dos Médiuns, capítulo 29, item 341, na qual são apresentadas as condições necessárias para o trabalho de um vibracional (chamado no Livro dos Médiuns de assistente):

(...) Estas condições se contêm todas nas disposições morais dos assistentes e se resumem nos pontos seguintes: Perfeita comunhão de vistas e de sentimentos; Cordialidade recíproca entre todos os membros; Ausência de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristã; Um único desejo: o de se instruírem e melhorarem, por meio dos ensinos dos Espíritos e do aproveitamento de seus conselhos. (...) Exclusão de tudo o que, nas comunicações pedidas aos Espíritos, apenas exprima o desejo de satisfação da curiosidade; Recolhimento e silêncio respeitosos, durante as confabulações com os Espíritos; União de todos os assistentes, pelo pensamento, ao apelo feito aos Espíritos que sejam evocados; Concurso dos médiuns da assembleia, com isenção de todo sentimento de orgulho, de amor-próprio e de supremacia e com o só desejo de serem úteis. Serão estas condições de tão difícil preenchimento, que se não encontre quem as satisfaça? Não o cremos; esperamos, ao contrário, que as reuniões verdadeiramente sérias, como as que já se realizam em diversas localidades, se multiplicarão (...)

Enumeramos a seguir a função do vibracional, e como deve ele proceder:

1º.   Deve envolver-se com o estudo, principalmente, do Livro dos Médiuns, do Livro dos Espíritos e do Evangelho Segundo o Espiritismo; preparar o assunto de estudo da reunião mediúnica com a devida antecedência; prestar atenção na leitura e nos comentários realizados; refletir sobre o que está sendo discutido. O estudo nos auxilia no envolvimento com a tarefa e com a espiritualidade amiga antes mesmo do dia marcado para a reunião, bem como nos ajuda no envolvimento vibratório com o trabalho.

2º.   Vibrar positivamente para a reunião em suas preces diárias, mentalizando cada companheiro de tarefa; vibrar desde o momento que se entre na Casa Espírita.

3º.   Vibrar no início da segunda parte da reunião na prática mediúnica, para o esclarecedor que realizará o diálogo, envolver em energias positivas, sobretudo o espírito comunicante.

4º.   Caso o vibracional verifique que o esclarecedor passa por alguma dificuldade, no momento do diálogo com o espírito comunicante, ele deve direcionar, nesse caso, prece para o esclarecedor, enviando-lhe sugestões mentais de alternativas.

5º.   Compromisso com a casa, o grupo, os mentores e os assistidos: conhecendo e observando os regulamentos internos a fim de segui-los; evitando faltar sem avisar o dirigente ou um dos colegas; lembrando que mentores contam com a presença de todos para atuar vibratoriamente no ambiente;

6º.   O médium de sustentação não pode ter qualquer tipo de preconceito, seja com os assistidos encarnados ou desencarnados, seja com os colegas de trabalho, seja com os dirigentes etc. Ele não está ali para julgar ou criticar os casos que tem a oportunidade de observar, mas para colaborar para que sejam solucionados da melhor forma, de acordo com a sabedoria e a justiça de Deus.

7º.   O médium de sustentação deve ser discreto, nunca deve relatar ou comentar, dentro ou fora da casa, as informações que ouve, os problemas dos quais fica sabendo e os casos que vê nos trabalhos de que participa. A discrição deve ser sempre observada, não só por respeito aos assistidos, como também por segurança, para que entidades envolvidas nos casos atendidos não venham a se ligar aos trabalhadores da tarefa.

5.    O que deve evitar o Vibracional

I.          Não ficar em total fixação no diálogo que está sendo realizado, embora seja necessária uma atenção mínima. Se fixarmos em demasia a atenção no diálogo e nos problemas dos companheiros a serem auxiliados, não vibramos, deixando de atingir o principal objetivo da tarefa.

II.          Não permanecer de olhos abertos, uma vez que isso faz com que o vibracional passe a se ocupar das coisas que vê no plano físico, perdendo o foco principal. Esse fato dificulta a concentração, inclusive sua sintonia com os próprios mentores;

III.          Não olhar fixamente para o médium pelo qual o espírito se comunica. Esse fato muitas vezes inibe o espírito que se comunica, fazendo-o se sentir intimidado, ameaçado, sob vigilância constante daqueles que lhe dirigem o olhar.

IV.          Não permitir que sua vibração oscile durante a reunião. Vejamos em que situações isso ocorre:

- Pensamento distante, longínquo causa a redução da capacidade de doação de energias, mediante a perda da concentração. Cada vez que o pensamento foge, a vibração oscila (as contas a serem pagas, a chuva que cai e não trouxe guarda-chuvas etc.).

- Não desconcentrar para algum acontecimento na sala, por exemplo: acompanhar ou deixar ser incomodado com a movimentação do coordenador pela sala quando ele busca tomar providências; pensar durante a comunicação de um espírito se o que ele diz tem a ver comigo, com meu filho etc.

- Deixar se envolver pelo problema trazido pelo espírito comunicante: normalmente quando isso ocorre é porque nos identificamos com a situação narrada pelo espírito (dificuldades materiais, drogas, filhos difíceis, separação etc.). E quanto aos nossos deslizes de pensamento, André Luiz nos mostra, no livro Os Mensageiros, um exemplo de como não proceder numa reunião mediúnica:

Reparamos que alguns irmãos encarnados se mantinham irrequietos, em demasia. Mormente os mais novos em conhecimentos doutrinários exibiam enorme irresponsabilidade. A mente lhes vagava muito longe dos comentários edificantes. Viam-se lhes, distintamente, as imagens mentais. Alguns se prendiam aos quefazeres domésticos, outros se impacientavam por não lograrem a realização imediata dos propósitos que os haviam levado até ali. (...) Ora, se os amigos encarnados não tomam a sério as responsabilidades que lhes dizem respeito, fora dos recintos de prática espiritista, se, porventura, são cultores da leviandade, da indiferença, do erro deliberado e incessante, da teimosia, da inobservância interna dos conselhos de perfeição cedidos a outrem, que poderão concentrar nos momentos fugazes de serviço espiritual? Boa concentração exige vida reta.

V.          Jamais dormir na reunião quando estiver cansado ou com muito sono, isto deverá ser comunicado ao dirigente, pois o fato de dormir cria dificuldades para a reunião e para si mesmo. Ao dormir deixamos de estar atentos, vigilante e podemos facilmente ser ou estar sendo envolvidos por irmãos mal intencionados presentes à reunião. Também é muito comum confundir sono com desdobramento. Quando estamos desdobrados em trabalho conservamos uma certa consciência do que está acontecendo, e quando dormimos não temos consciência alguma do que está ocorrendo.

VI.          Não vibrar contra o doutrinador poque pode ocorrer que o assistente fique torcendo para que o Espírito perturbado vença a querela e até sente uma certa euforia quando nota o embaraço do orientador. Não se dá conta que, nesse estado mental, entra em sintonia com o Espírito malfazejo”.

VII.          Não entrar na corrente de vibração se não estiver se sentindo bem, é necessário informar o fato ao dirigente da reunião, com antecedência, para que ele providencie sua permanência na reunião, fora da corrente, onde poderá ser auxiliado. Sua permanência na corrente poderá criar dificuldades para si mesmo, aos demais e para com o trabalho.

VIII.          Não ficar impaciente se o tempo estipulado se prolongar além do previsto: se esse fato acontece se deve às alterações da programação da espiritualidade, que busca atender casos de urgência. Reflitamos sobre esta questão: ao ficarmos ansiosos pelo término da reunião vibraremos contra o bom andamento da tarefa, o que é falta de caridade. O vibracional deverá ser principalmente um trabalhador de boa vontade.

6.    Necessidade e utilidade da Vibração

Com relação à utilidade geral das vibrações, importantes esclarecimentos são dados no livro Missionários da Luz. Já, no primeiro capítulo, André Luiz relatando uma reunião mediúnica diz que “As energias dos encarnados se casavam aos fluidos vigorosos dos trabalhadores de nosso plano de ação, congregados em vasto número, formando precioso armazém de benefícios para os infelizes, extremamente apegados às sensações fisiológicas”. Seguindo no capítulo 17, nos informam que “Com os raios de energia, de variada expressão emitidos pelo homem encarnado, podemos formar certos serviços de importância para todos aqueles que se encontrem presos ao padrão vibratório do homem comum”.

Um uso importante da vibração é na adaptação de espíritos ao plano espiritual. Muitos irmãos, ao desencarnar, trazem um padrão vibratório muito baixo e não conseguem se adaptar facilmente ao novo ambiente. As vibrações dos encarnados beneficiam esta adaptação, conforme poderemos observar no relato a seguir, do livro Os Mensageiros, no capítulo 48:

Grande número de criaturas, porém, na passagem para cá, sentem-se possuídas de “doentia saudade do agrupamento”, como acontece, noutro plano de evolução, aos animais, quando sentem a mortal “saudade do rebanho”. Para fortalecer as possibilidades de adaptação dos desencarnados dessa ordem ao novo “habitat”, o serviço de socorro é mais eficiente, ao contacto das forças magnéticas dos irmãos que ainda se encontram envolvidos nos círculos carnais. (...) E, designando a grande assembleia de necessitados, continuou: — Os irmãos, nas condições a que me refiro, ouvem-nos a voz, consolam-se com o nosso auxílio, mas o calor humano está cheio de um magnetismo de teor mais significativo, para eles. Com semelhante contacto, experimentam o despertar de forças novas.

No livro Nos Domínios da Mediunidade encontramos informações que reforçam a ideia da existência de tipos diferentes de energias liberadas pelos encarnados e que servem, portanto, para variados fins. É mencionado no livro que “Todas as criaturas, porém, guardam-nas consigo, emitindo-as em frequência que varia em cada uma, de conformidade com as tarefas que o Plano da Vida lhes assinala”.

Luiz Gonzaga Pinheiro, no livro O Perispírito e Suas Modelações, relata no capítulo 43 a necessidade de que a espiritualidade filtre as energias provenientes dos encarnados, pois, muitas vezes, se encontram comprometidas devido ao “regime alimentar excessivamente carnívoro, ao uso de alcoólicos, temperos picantes e outros vícios mentais e materiais”.

A vibração possui variadas aplicações que não poderíamos detalhar todos nesta apostila. Concluímos esta matéria citando alguns outros usos a seguir: Materialização de espíritos, de quadros e de objetos acessórios no plano espiritual, em auxílio ao trabalho de desobsessão; Auxílio direto aos pacientes desencarnados e encarnados e, em alguns casos, inclusive aos tarefeiros da equipe espiritual; Reestruturação dos perispíritos das entidades comunicantes, que se apresentavam mutilados, feridos e até sem a forma humana.

 

7.    Preparo para a Reunião Mediúnica

Ao se integrar em uma equipe de reunião mediúnica, cada componente deve compenetrar-se da necessidade de uma preparação adequada à importância do trabalho que se propõe realizar. Sendo que todos os componentes deveram fazer o mesmo preparo, pois os deveres são os mesmos, embora as funções sejam diferentes.

Ao despertar:

Acolher ideias de natureza superior. Intenções e palavras puras, atitudes e ações limpas. Evitar rusgas e discussões, sustentando paciência e serenidade.

Prece e Meditação:

Pelo menos, durante alguns minutos, no lar, no dia de reunião dedicar-se à prece e meditação. Evitar vulgaridades, ligando as tomadas do pensamento ao mais alto.

Alimentação:

Leve (estômago cheio, cérebro inábil) pratos ligeiros e quantidades mínimas para facilitar a digestão, sem comprometimento para o trabalho, evitando o sono e cansaço prejudiciais. Totalmente impróprio o uso de álcool. Se não puder abster-se, reduzir ao mínimo: Fumo - Carne - Café - Condimentos.

Repouso Físico e Mental:

a. Após o trabalho profissional, se possível, reservar alguns minutos para o refazimento do corpo e da alma (preparo externo e interno);

b. Leituras salutares;

c.  Estar higienizado e vestido com sobriedade (roupas que não apertem, calçados sem salto barulhento), sem perfumes fortes (para não perturbar aos outros).

Superação de Impedimento:

Chuva ou frio não devem constituir impedimentos insuperáveis. Frente a visitas inesperadas ou pedidos de socorro, ajudar e prosseguir para a tarefa. Surgindo contratempos, superá-los buscando as obrigações espirituais que nos aguardam.

Pontualidade:

Pontualidade – disciplina de vida. É sempre dever, mas na desobsessão assume caráter solene. Não haja falha de serviço por nossa causa. Não se pode esquecer que o fracasso, na maioria das vezes, é o produto infeliz dos retardatários e dos ausentes.

Na sala de reunião:

Evitar vozerio, críticas, gargalhadas, comentários alheios à tarefa, queixas, azedume, apontamentos irônicos. Inclinar o sentimento ao silêncio e à compaixão e à elevação de propósitos, a fim que tudo ocorra em harmonia na construção do bem.

  8.    O Vibracional e sua Importância

Faz-se necessário ressaltar mais uma vez, que numa reunião mediúnica a sustentação vibratória tem um papel primordial para que o plano espiritual possa usar os recursos em benefício do êxito do trabalho que depende, segundo André Luiz, “da colaboração de todos os componentes do grupo”. Note-se o esclarecimento do Instrutor Áulus, quando assinala que “as energias ectoplásmicas são fornecidas pelo conjunto dos companheiros encarnados”.

O concurso geral, prestado pelo conjunto dos companheiros encarnados - sejam eles médiuns ostensivos ou de sustentação -, pode ser ainda exemplificado com base em um trecho do livro de André Luiz em Missionários da Luz, que está transcrito a seguir:

Vários ajudantes de serviço recolhiam as forças mentais emitidas pelos irmãos presentes, inclusive as que fluíam abundantemente do organismo mediúnico. (...) Esse material - explicou-me ele, bondosamente - representa vigorosos recursos plásticos para que os benfeitores de nossa esfera se façam visíveis aos irmãos perturbados e aflitos ou para que materializem provisoriamente certas imagens ou quadros, indispensáveis ao reavivamento da emotividade e da confiança nas almas infelizes. Com os raios e energias, de variada expressão, emitidos pelo homem encarnado, podemos formar certos serviços de importância para todos aqueles que se encontrem presos ao padrão vibratório do homem comum, não obstante permanecerem distantes do corpo físico. (...) Alexandre chamava a si um dos diversos cooperadores que manipulavam os fluidos e forças recolhidos na sala.  (...) Em todos os serviços, o material plástico recolhido das emanações dos colaboradores encarnados satisfez eficientemente. Não era mobilizado apenas pelos amigos de mais nobre condição, que necessitavam fazer-se visíveis aos comunicantes; era empregado também na fabricação momentânea de quadros transitórios e de ideias-formas, que agiam beneficamente sobre o ânimo dos infelizes, em luta consigo mesmos.

Diante dos apontamentos feitos pelo autor espiritual, podemos concluir que o “médium vibracional” desempenha a função de um “dínamo de vibrações amorosas”, cujos recursos são amplamente utilizados no trabalho. Note-se que o “material plástico, recolhido das emanações dos colaboradores encarnados, satisfez eficientemente”, a fim de não só “ser mobilizado pelos amigos de mais nobre condição, os quais necessitavam fazer-se visíveis aos comunicantes”, mas também de ser “empregado na fabricação momentânea de quadros transitórios e de ideias-formas”. Acrescenta-se também, que esse material plástico é usado para formação do copo d’água, da maca, leitos, medicamentos, utensílios médicos etc., para o atendimento aos Espíritos socorridos no local. É neste momento, que o vibracional mentalizando (deve criar em sua mente) o objeto verbalizado pelo esclarecedor, que auxiliará no trabalho e nos recursos para formação deste. Também se lê a respeito em O Livro dos Médiuns, cap. 8, item128/4, onde os Espíritos superiores dizem que eles (Espíritos) podem “concentrar esses elementos pela sua vontade e dar-lhe a forma aparente que convenha às suas intenções”.

É importante que o vibracional compreenda que ele não é um mero participante, e sim um elemento indispensável capaz de ser um foco de irradiação contínua de bons pensamentos e de energias salutares. E sendo de extrema importância seu desempenho, podemos delimitar que, em trabalho, esse participante de reunião mediúnica “deve permanecer vigilante e calmo, evitar o sono, acompanhar a condução do dirigente e atuação dos médiuns ostensivos e esclarecedores, auxiliando-os com suas vibrações e preces”.

Enfim, não menos importante de citar, a formação intelectual e moral do médium de sustentação. O médium de sustentação esclarecido de suas responsabilidades deve incessantemente implementar sua formação evangélico-doutrinária e em sua reforma íntima.  É preciso o esforço individual, para que o trabalho do grupo seja eficaz, pois é necessário ressaltar, conforme nos esclarece Emmanuel, que o apostolado mediúnico não se constitui tão somente da movimentação das energias psíquicas em suas expressões fenomênicas e mecânicas.

Assim, os “médiuns de sustentação” devem perseverar, não pelo desejo de possuírem tarefas de maior vulto em um futuro próximo, mas pelo desejo sincero de cooperar com a obra do Senhor, compreendendo que não existem tarefas mais nobres que outras e sim trabalhadores mais dedicados que outros; enfim, por terem plena consciência de que todos devem cumprir sua função e que todo e qualquer mérito deverá ser reportado ao Supremo Senhor.




BIBLIOGRAFIA:

1.      O Livro dos Médiuns. Allan Kardec, itens 128, 187, 236, 244, 341;

2.      O Livro dos Espíritos. Allan Kardec, questões 459 e 472;

3.      Apostila Médium de Sustentação, União Espírita Mineira;

4.      Mediunidade. José Herculano Pires, cap. 2;

5.      Pensamento e Vida. Francisco C. Xavier/Emmanuel, ‘Associação’;

6.      Missionários da Luz. Francisco C. Xavier/André Luiz, cap. 17;

7.      Os Mensageiros. Francisco C. Xavier/André Luiz, cap. 48;

8.      Informativo COMCIÊNCIA. Ano I – Nº 5-Jul-Ago/2006;

9.      Revista Ciência e Espiritismo, de outubro de 2005;

10.   O Perispírito e Suas Modelações. Luiz Gonzaga Pinheiro, cap. 43;

11.   Doutrina Espírita no Tempo e Espaço - 800 Verbetes. A. Merci Spada Borges;

12.   Qualidade na Prática Mediúnica. Divaldo Franco/Projeto Manoel P. de Miranda;

13.   Desobsessão. Francisco C. Xavier/Waldo Vieira/André Luiz.


segunda-feira, 27 de julho de 2020

Desdobramento em Serviço


NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE

CAP. 11 – DESDOBRAMENTO EM SERVIÇO
Personagens
1.     Áulus – Espírito orientador de André Luiz no plano espiritual;
2.     André Luiz – Espírito que ditou a obra intermédio de Chico Chavier;
3.     Hilário – Espírito aprendiz companheiro de André Luiz;
4.     Clementino – Espírito dirigente responsável pela reunião mediúnica;
5.     Antônio de Castro – Médium(encarnado);
6.     Oliveira – Companheiro desencarnado daquele grupo mediúnico.

Os Temas abordados nesse capítulo são:


1.     Concentração;
2.     Passe magnético;
3.     Duplo Etérico;
4.     Ectoplasma;
5.     Perispírito;
6.     Desdobramento (exteriorização do perispírito);
7.     Cordão de Prata;
8.     Vestuário dos Espíritos;
9.     Volitação (volição);
10.  Oração do grupo;
11.  Comunicação dos Espíritos à distância.

      O estudo abaixo não se refere a todos os temas descritos, abordarei apenas alguns temas dos parágrafos a seguir.


"Antonio Castro recebeu passes do benfeitor e se desligou do corpo, logo André Luiz notou que apareceu uma forma agigantada.
Clementino então voltou a aplicar passes no médium voltou para o corpo, e ao sair novamente saiu com sua aparência normal."

Na operação magnética em Castro, Clementino transferiu energias fluídicas a ele, fazendo com que se afrouxe os campos (laços) magnéticos que prendiam os três corpos, ou seja, Corpo físico, Duplo etérico e perispírito, possibilitando a exteriorização e afastamento dos dois duplos – perispírito e corpo vital do corpo físico.
E assim, afrouxados os laços que prendem os três corpos, ocorreu simultaneamente a exteriorização dos dois corpos fluídicos, sendo que os dois levando consigo o ectoplasma.
Ou seja,
Castro tem facilidade de desdobramento consciente. O que ocorreu primeiramente foi a exteriorização das energias vitais (ou ectoplasma), que pertence ao campo físico, que não podem se afastar demasiadamente do corpo, porque esses fluidos vitais ( contida no duplo etérico) fazem a ligação com o corpo e o perispírito; e o corpo vital que mantém a vida e a saúde do corpo.
Então, foi preciso ele retornar ao corpo para devolver essas energias vitais. Isso aconteceu devido à pouca experiência do médium, mas os benfeitores estavam ali garantindo a integridade orgânica do médium.
O assistente informou que para se ajustar melhor ao ambiente espiritual, o médium devolvera aquelas energias ao corpo, devolvendo o calor, aquelas energias que era imprescindível ao seu organismo, que garantem a manutenção das células físicas. Ele precisava também de leveza, carregando energias vitais no plano espiritual, ele se tornaria menos ágil e livre, o embaraçava para o trabalho junto dos benfeitores.
Isso quer dizer, que o perispírito e o duplo etérico carregavam ectoplasma. Assim sendo, no perispírito do encarnado circulava certa quantidade, e quanto ao do duplo etérico, ele próprio é o principal responsável pela elaboração do ectoplasma.
Quando houve o afastamento dos dois duplos, notou-se um prolongamento vaporoso (ectoplasmático) formando um cordão, que é conhecido como cordão de prata, este mantém os dois duplos ligados. Porém, o duplo etérico já é por si mesmo um ele de ligação entre os dois corpos e, o cordão astral é apenas prolongamento dele, que se apresenta em circunstância como no desdobramento espiritual.
Perispírito e o duplo etérico quando foram exteriorizados deram a ideia de um fantasma devido ao ectoplasma que estava presente. Inicialmente surgiram como duas nuvens, e quando se fundiram produziram uma estranha cópia do médium; apresentou uma configuração exterior azulada a direita, que correspondia ao corpo espiritual, e alaranjada a esquerda que correspondia ao corpo vital.
Quando o médium tentou movimentar-se devido à grande quantidade de ectoplasma nos duplos, que saíram unidos, tornou o perispírito denso, pesado, impróprio para exercer atividade programada. Então, Clementino repeti a operação magnética e os duplos se justapõe ao corpo físico, sendo que o corpo vital retorna ao corpo físico do médium.
Era preciso que o corpo vital retornasse para garantir a integridade biológica do corpo físico, pois este não suportaria por muito tempo o afastamento simultâneo dos dois duplos sem graves consequências para a saúde do médium.
Recebeu então nova aplicação de passe pelo benfeitor facilitando a reunião dos duplos ao corpo físico. E assim, exterioriza apenas o perispírito do médium, mas dessa vez livre do ectoplasma, pois o duplo voltou acoplar ao corpo físico. Depois disso podia deslocar-se agilmente, mas ligado pelo prolongamento vaporoso ou cordão de prata.
Há duas categorias de exteriorização dos duplos:
1º.   DUPLOS EXTERIORIZADOS EM DOIS ESTÁGIOS – Ocorre quando exteriorizado o duplo etérico e o perispírito simultaneamente. Essas pessoas podem ser doadoras de ectoplasma, pois tendem a liberar facilmente, e produzem em maior quantidade. Pode até ocorrer fenômenos de efeitos físicos nessa circunstância, dependendo da quantidade de ectoplasma e de outros fatores.
2º.   DUPLO EXTERIORIZADO EM UM SÓ ESTÁGIO – Ocorre a projeção apenas do perispírito. Neste caso não é liberado ectoplasma, portanto, não há possiblidade de fenômenos físicos. (Espírito, Perispírito e Alma, Hernani Guimarães, página 147)
No caso de Castro ocorreu a exteriorização em dois estágios oferecendo um certo risco para ele, pois foi uma exteriorização inadequada para a atividade da reunião.
Segundo “Espírito, Perispírito e Alma”, de Hernani Guimarães:
“o desdobramento costuma ocorrer também com o corpo vital. Neste caso há abundante emissão de ectoplasma. O duplo vital consegue manter-se algum tempo, não muito longo, separado do soma. Desde que o corpo astral permaneça ligado ao corpo físico. Os moribundos em estado muito grave conseguem, às vezes, soltar o corpo vital, momentos antes de expirar, produzindo grande quantidade de ectoplasma. Nesta ocasião, o corpo astral, ou o vital, chega a absorver boa parte desse ectoplasma e projeta-se a certa distância fazendo-se visível a determinada pessoa. Em tais condições, devido à incorporação de grande quantidade de ectoplasma, o duplo tem alguma ação sobre os objetos materiais, dando sinais sensíveis de sua presença, por meio de ruídos, movimento de utensílios, parada de pêndulos de relógio etc. São os chamados avisos da morte.”
O desdobramento do médium foi feito com o auxílio do dirigente espiritual. No início o perispírito estava carregado de ectoplasma, substância pertencente ao organismo.
Esse é um caso de desdobramento feito com a intervenção de mentores espirituais da tarefa. Entretanto, há várias informações (literatura vastíssima) referentes a desdobramentos que se operam devido a vontade da pessoa. (Ver: Projeção da Consciência, de Waldo Wieira)
Pode ocorrer muitos tipos de desdobramentos, naturais, forçado como por entidades obsessoras, induzidos por hipnose, assistidos e induzidos por benfeitores.
Em caso de médiuns, há alguns que necessitam de auxílio magnético para desdobrar; outros, já não precisam, desprendem-se facilmente com espontaneidade.
Continuando no parágrafo:
“(...)se algum pesquisador humano ferisse o espaço em que se situa a organização perispirítica do nosso amigo, registraria ele, de imediato, a dor do golpe que se lhe desfechasse, queixando-se disso, através da língua física, porque, não obstante liberto do vaso somático, prossegue em comunhão com ele, por intermédio do laço fluídico de ligação.”
Naquele momento em que Castro estava afastado do corpo e, aqueles fluidos ectoplasmático se exteriorizaram, no exato local onde se encontrava o perispírito, o médium poderia registrar a dor como a de um golpe.
Isso porque essas energias são energias nervosas (ectoplasma), que pertencem ao corpo físico e ao duplo etérico, são fluidos materializados. E mesmo longe do corpo ele sentiria porque o perispírito estava envolvido com essas energias ou ectoplasma.
Outro fator importante, ele prosseguia preso ao cordão de prata, o indicativo do corpo espiritual estar ligado ao corpo físico e, que é a ponte de transmissão das energias.   E, a nossa sensibilidade se dá através da energia nervosa. É o que os pesquisadores Albert de Rochas e Sergio Lombroso chamava de exteriorização da sensibilidade.
Nos casos de exteriorização do perispírito e duplo-etérico, como dissemos, o corpo físico permanece completamente insensível (não sente dor). Enquanto durar o distanciamento dos dois corpos espirituais do corpo orgânico, seja ela natural, como nos casos de sonambulismo e desdobramento espontâneo, seja artificial, como sob atuação hipnótica ou de anestésico, pode-se retalhar o organismo e nenhum sinal exterior de sensibilidade ele apresenta.
Mas, cessada a ação, cessa o efeito, a sensibilidade volta novamente e o paciente acusa as dores provocadas pelos experimentadores.
É que a sede de todas as sensações e percepções, muito longe de se encontrar no corpo, tem seu lugar no perispírito, organismo psíquico que resiste à ação da morte e se mantém indestrutível às modificações físico-químicas.
Segundo comentários de Herculano Pires a respeito do livro “Exteriorização da Sensibilidade” do pesquisador Albert de Rochas, a exteriorização da sensibilidade (os duplos) e da motricidade pode efetuar-se por processo magnético, ou por processo natural, bem como por autossugestão.
O passe magnético assim como a hipnose e o transe mediúnico são situações que também podem afastar o perispírito e o duplo etérico (parcialmente).

QUE É ECTOPLASMA
Conceito O ectoplasma é um tipo de fluido ou energia nervosa, que circula no corpo humano através do sistema nervoso, e em determinadas circunstâncias ele pode ser exteriorizado pelos orifícios do corpo físico. E é uma substância amorfa (sem forma), vaporosa, com tendência a solidificação, sendo visível e tomando forma por influência da manipulação dos espíritos.
Segundo os pesquisadores que contribuíram nas pesquisas, trata-se de protoplasma (substância que constitui o interior da célula animal ou vegetal e que envolve o núcleo, matéria viva e ativa) gelatinoso, inicialmente amorfo (sem forma), que sai do corpo do médium e toma forma mais tarde segundo a vontade dos espíritos (Charles Richet).
Ainda segundo as pesquisas, trata-se de um processo bioquímico que se processa na união do organismo humano e no duplo etérico. E, para haver a exteriorização do ectoplasma, o primeiro passo é o distanciamento dos corpos – corpo físico do duplo etérico e corpo espiritual.
Ele foi analisado na época das materializações por vários pesquisadores dos quais destacamos as seguintes conclusões:
Dr. Dombrowsky (Varsóvia) - "O ectoplasma está constituído de matéria albuminoide, acompanhado de gordura e de células tipicamente orgânicas. Não foram encontrados amiláceos e açúcares".
Dr. Francês (Munich) - "Substância constituída de inúmeras células epiteliais, leucócitos e glóbulos de gordura".
Dr. Albert Scherenk-Notzing citado por Charles Richet - " Trata-se de uma substância albuminoide unida a um corpo gorduroso e com células análogas as que se encontram no corpo humano. Particularmente é notável é o grande número de leucócitos. (1926)"
Ele tem sido identificado como substância que é liberado em determinadas condições. Os Espíritos não produzem ectoplasma, apenas os encarnados. E para ele ser manipulado precisam da conivência consciente ou inconsciente do encarnado que fornece o ectoplasma. E, nem todos encarnados possuem quantidade suficiente para uma materialização, cada indivíduo vem com uma quantidade suficiente para sua existência na Terra durante ‘x’ anos. Se não fosse assim, o fenômeno de materialização dos espíritos ocorreria com frequência, e eles então passariam a participar diretamente do mundo dos encarnados.
Como é produzido no ser humano – ele tem origem dos fluidos vitais que é captado pelos chacras, pelos alimentos, líquidos, ar que respiramos, através do sol etc.
Aparência e forma do Ectoplasma – se trata de uma substância que sai dos orifícios do corpo humano em estado gasoso ou nebuloso. Sua cor pode ser acinzentada, branca, amarelada, malhada ou escura.
Estado – percorre todos os estados: invisível, visível, gasoso, plasmático, tangível, amorfo, floculoso, filamentoso, sólido e estruturado, leitoso, filamentoso, líquido, viscoso, úmido, frio etc. Sua consistência é às vezes semilíquida, podendo formar massas e porções amorfas e coaguladas.
Pode também assumir a forma de véus membranosos quando o ectoplasma se torna visível, tangível, mais material podendo ser tocado, é quando é manipulado pelos Espíritos.
Sensação tátil – O Ectoplasma oferece certa resistência ao tato, comparável à clara de ovo. E quando à sua temperatura, parenta um pouco inferior à do ambiente.
Característica – mais notável é o fato de ser dócil ao comando mental. Quando em estado organizado, o ectoplasma é sensível à ação da luz comum, porém pode suportar bem as radiações pouco energéticas do espectro da luz visível, aos níveis do vermelho e infravermelho.
Constituição – em sua constituição, pelo alto teor de energias que carrega consigo, outros elementos orgânicos das próprias células ou mesmo substâncias arrecadadas na Natureza, em especificas reações químicas, às expensas de equipes espirituais que participem do processo.
O ectoplasma é uma substância delicada que se produz entre o perispírito e o corpo físico, interligando o plano físico com o espiritual.
Isso nos permite deduzir que os fluidos resultantes da alimentação, da respiração e da atividade celular são captados por meio dos chacras gástrico e esplênico, transformando-se em ectoplasma no interior do duplo etérico. Poderíamos chamar isso de "metabolismo do ectoplasma". Mas é bom lembrar: nas materializações ou nos fenômenos de efeitos físicos, não se usa diretamente o ectoplasma humano que exala do médium. É preciso combiná-la com outros dois tipos de fluidos (espirituais e da natureza) para obtermos o ectoplasma elaborado.
Localização – O ectoplasma seria substância originária no protoplasma* das usinas celulares. Está situado entre a corpo físico e o duplo etéreo, pode ser comparado à genuína massa protoplasmática, sendo extremamente sensível, animado de princípios criativos, que funcionam como condutores de eletricidade e magnetismo, mas que se subordinam, invariavelmente, à vontade do médium, que os exterioriza ou dos Espíritos desencarnados ou não, que sintonizam com a mente mediúnica.
 Região de emissão – varia, mas, na maioria dos casos, o ectoplasma é liberado através dos principais orifícios do corpo do médium: boca, nariz, ouvidos etc., bem como os poros da pele.
Outros tipos de ectoplasma – se ele está relacionado com a matéria, ele deve também existir em outros seres vivos como nas plantas e animais. Mas, não deve ser igual em termos de complexidade como o dos seres humanos.
O ectoplasma não humano não é suficiente e nem adequado para a realização de fenômenos físicos e de materialização. Se fosse assim, haveria interferência direta dos desencarnados no mundo dos encarnados.
Existe a proposta de Hernani Guimarães da existência dos seguintes tipos de ectoplasma:
o   Ectomineroplasma: originário dos minerais;
o   Ectofitoplasma: extraído dos vegetais;
o   Ectozooplasma: produzido pelos animais, inclusive o home.
Em função da existência de tipos de ectoplasma, mineral, vegetal e animal, haverá qualidades diferentes de ectoplasma.
 O Ectoplasma mineral é o mais simples. O produzido pelas plantas, que se alimentam principalmente de material inorgânicos, ele se apresenta de modo relativamente mais complexo. O produzido pelos animais, que se alimentam de produtos minerais, vegetais e de outros animais, ele deve adquirir uma maior complexidade.
 Cordão de Prata – Na ocasião do desdobramento, a substância vital é liberada pelo cordão prateado refluindo do corpo vital. O cordão prateado pertence ao duplo etérico. Alguns médiuns relatam sua saída do ‘plexo solar’, outros da testa ou da raiz da nuca, diz-se, que depende da moral do Espírito encarnado.
Nos casos em que o duplo etérico se afasta do corpo, o cordão permite apenas alguns centímetros a metros de extensão no máximo. Mas, já com o perispírito, ele rompe os limites do corpo vital e libera-se para viagens mais longas, e o ectoplasma então retorna ao corpo via “cordão prateado”.
“(...) Observei atentamente o médium projetado ao nosso círculo de trabalho. Não envergava o costume azul e cinza de que se vestia no recinto, mas sim um roupão esbranquiçado e inteiriço que descia dos ombros até o solo, ocultando-lhe os pés, e dentro do qual se movia, deslizante.”
Antonio Castro não envergava o vestuário azul e cinza, ou seja, seu perispírito não exteriorizou com a roupa que estava, mas sim com uma roupa longa esbranquiçada ocultando os pés.
O que não podemos esquecer para compreender, é que plasmar minúcias consome muito ectoplasma do médium, e muitas das vezes, o médium não disporá, ou apenas pelo fato de não haver necessidade. Os objetos formados pelos espíritos estão subordinados à sua vontade ou sua necessidade. Mas, no caso, apenas faz referência a pouca experiência mental e plasmadora do médium.
Fato curioso, é que no desdobramento do sono é comum o encarnado desdobrar com a cópia de suas roupas, porém, é um ato instintivo, que ele nem percebe acontecer.
O que acontece é que o pensamento é uma força magnética que faz sofrer modificações nos fluidos, ou seja, ele modela eles a sua vontade. Assim, com a força inconsciente de seu pensamento, ele modela suas roupas com seus próprios fluidos e com o que capta do ambiente, como disse, instintivamente.
Um caso descrito na Revista Espírita de março de 1869 explicando como ocorre a produção de roupas ou de objetos por parte dos Espíritos:
“O Espírito do jovem apresentou-se em casa de sua mãe com o corpo fluídico. (...) Bastou-lhe pensar em sua roupa habitual, na que teria usado em circunstâncias comuns, para que esse pensamento produzisse ao seu perispírito as aparências dessa mesma roupa.”
“(...) As formas exteriores que revestem os Espíritos que se tornam visíveis são, pois, verdadeiras criações fluídicas, muitas vezes inconscientes. A roupa, os sinais particulares, os ferimentos, os defeitos físicos, os objetos que usa, são o reflexo de seu próprio pensamento no envoltório perispiritual.”
 “(...) Nosso irmão, com a ajuda de Clementino, está usando as forças ectoplásmicas que lhe são próprias, acrescidas com os recursos de cooperação do ambiente em que nos achamos (...).”
Esses fluidos são geralmente associados a outros como dos próprios companheiros da reunião ou do reino vegetal.
Nas materializações ou nos fenômenos de efeitos físicos, não se usa diretamente o ectoplasma humano que exala do médium, é preciso combiná-la com outros tipos de fluidos (espirituais e da natureza) para obtermos o ectoplasma elaborado para formação da matéria como nossos sentidos a percebem.
Essa menção feita pelo mentor, acerca de estar “acrescida”, nos faz entender a existência de outros tipos de ectoplasma além do originado pelo homem.
 “(...)Semelhantes energias transudam(saem) de nossa alma, conforme a densidade específica de nossa própria organização, (...)”
Quando o mentor faz referência “(...) conforme a densidade específica de nossa própria organização, variando desde a sublime fluidez da irradiação luminescente (...)”, ele está se referindo aos fluidos em geral que forma o corpo espiritual. Pois, a matéria do perispírito é segundo sua moral. Mais etérea, fluida e luminescente à medida que é moralmente elevado. Pois, segundo dizem os mentores da codificação, Espíritos puros não utilizam corpos fluídicos, pois eles não conservam nada das coisas terrenas, pra eles não tem utilidade.
Os espíritos ignorantes, inferiores e medianos, necessitam do seu corpo fluídico para sua jornada evolutiva, então ela se apresenta mais grosseira e sem viço nos espíritos ainda inferior e instintivo.
“(...) variando desde a sublime fluidez da irradiação luminescente até a substância pastosa com que se operam nas crisálidas os variados fenômenos de metamorfose(...)”
O mentor fez uma comparação entre nossa capacidade de exteriorizar o ectoplasma com as das lagartas. O fenômeno é o mesmo, mas nos animais está num nível muito primitivo. No ser humano é mais complexo, e atinge uma sublimidade que é diferente do reino animal.
Aqui vale fazer uma consideração da qualidade do ectoplasma quando somos tarefeiros. No livro desobsessão fala para reduzir carne, temperos picantes, álcool, porque esses elementos se incorporam em nossa fisiologia, em nossas energias ectoplásmicas que doamos nas reuniões mediúnicas, no passe, essa energia nervosa trará as impurezas dos nossos hábitos.
O fator qualidade é muito importante, ou melhor, é determinante a qualidade dos fluidos que iremos doar. Então ajudamos e somos bons instrumentos quando eliminamos certos hábitos alimentares, emocionais, mentais, que se imprime aos fluidos.
“(...) Castro é ainda um iniciante no serviço. Á medida que entesoure experiência, manejará possibilidades mentais avançadas, assumindo os aspectos que deseje,”
Castro estava em desdobramento consciente e é um médium iniciante, que teria que conquistar maior autocontrole para aprender administrar suas capacidades. Ele não tinha a capacidade de modelagem dos fluidos, ou seja, como inexperiente ele não sabe manejar o grande potencial mental no desdobramento. Porque ele desconhece em si e nem sabe que é possível; com o tempo, exercício e experiências ele vai saber, vai se descobrindo aos poucos.
“(...) considerando que o perispírito é constituído de elementos maleáveis, obedecendo ao comando do pensamento, seja nascido de nossa própria imaginação ou da imaginação de inteligências mais vigorosas que a nossa, mormente quando a nossa vontade se rende, irrefletida, à dominação de Espíritos tirânicos ou viciosos, encastelados na sombra.”
Tendo o pensamento a capacidade de moldar nossas vestes mesmo intuitivamente, também esse potencial pode ser utilizado pelos espíritos obsessores, se utilizando de nossos fluidos, de nossa própria capacidade de modelagem, através da hipnose ou sugestão mental, para nos enganar fazendo com que criemos imagens mentais, formas pensamentos, até a transformação do corpo espiritual.
Diz Kardec: “Basta ao Espírito  pensar  numa  coisa  para  que  tal coisa  se  produza”. Desta forma, tomando conhecimento de tal verdade, devemos fazer bom uso dos nossos pensamentos, pois eles são movimentados por energias cósmicas, fluidos etéreos, que, embora invisíveis aos nossos olhos, estão presentes onde as nossas forças físicas jamais  chegariam. Nosso pensamento é um raio  que  tanto  pode conduzir luz edificante como energias deletérias ou destruidoras.


Bibliografia:
1.      Nos Domínios da Mediunidade, capítulo 11, André Luiz;
2.      Espírito, Perispírito e Alma, Hernani Guimarães Andrade;
3.      Um ‘fluido vital’ chamado ectoplasma, de Mathieu Tubino;
4.      Medicina da Alma, por Robson Pinheiro/Joseph Gleber;
5.      Perispírito – O que os espíritos disseram a respeito, de Geziel Andrade.