O PAPEL DO VIBRACIONAL
Não sabeis que um pouco de fermento faz
levedar toda a massa?
(I Coríntios, 5:6)
Índice
2. Médium Vibracional
3. Vibração e Vibracionais
4. A função do Médium de sustentação
5. O que deve evitar o Vibracional
6. Necessidade e utilidade da Vibração
7. Preparo para a reunião mediúnica
8. O Vibracional e sua Importância
1. Definição de Médium
E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a
seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie
obreiros para a sua seara. (Lucas, 10:2)
Segundo Allan Kardec, os
médiuns são as pessoas intermediárias para os Espíritos, sendo instrumentos de
manifestação, conforme a natureza ou grau da faculdade mediúnica, cuja
estrutura depende de uma disposição orgânica especial suscetível de
desenvolvimento. Acerca dessa questão, podemos verificar em O Livro dos
Médiuns – item 159 do capítulo XIV de O Livro dos Médiuns, o
seguinte:
(...)Todavia, usualmente,
assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem
caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que
então depende de uma organização mais ou menos sensitiva(...)” (grifos
acrescentados)
A palavra médium é de origem
latina e tem o significado de medianeiro, aquele
que está no meio. Assim sendo, ele serve de intermediário entre o mundo físico
e o espiritual. Deste modo podemos afirmar, que todos nós somos médiuns, pois
durante nossas vidas passamos por algum tipo de fenômeno natural. Afinal quem é
que nunca viu um vulto diferente, teve pesadelos, sonhos, premonições etc.? Só
não podemos afirmar que somos médiuns ostensivos, aquele que tem contato e
transmitem as mensagens dos espíritos.
O vocábulo médium ostensivo foi modernamente acolhido pela linguagem espírita, para fins
didáticos, a fim de deixar bem diferenciado a mediunidade natural,
imperceptível, ordinária - se é que assim podemos dizer - daquilo que se
ostenta, que não se pode ocultar, pois, independe de nossa vontade de possuí-la
ou não.
Diante destas explicações, podemos concluir que médium é uma palavra neutra, que designa tanto a mediunidade Natural como a Ostensiva. Sendo que médium ostensivo é aquela faculdade “bem caracterizada” e “se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade”, que apresentam fenômenos físicos e intelectuais. Os médiuns ostensivos são, portanto, aqueles que possuem uma maior e mais evidente capacidade de serem intermediários dos Espíritos seja, por exemplo, através da psicofonia (fala), psicografia (escrita), vidência (visão) ou audiência (audição). O médium natural é aquele que apresenta a organização menos sensitiva, ou seja, que, sob o ponto de vista da produção do fenômeno em si, tem menor participação. Esta última categoria pode ser denominada de “médium de sustentação ou vibracional”, cuja análise é o objeto central desta apostila.
2. O Médium Vibracional
“Não sabeis que
um pouco de fermento faz levedar toda a massa?” - (I Coríntios, 5:6)
Allan Kardec dividiu de forma simples e em duas
classes os fenômenos mediúnicos, os de efeitos inteligentes e efeitos
físicos. Porém, notando a
generalização da mediunidade, os espíritos o esclareceram:
(...) Deus me encarregou de
desempenhar uma missão junto dos crentes a quem ele favorece com o mediumato.
Quanto mais graça eles recebem do Altíssimo, mais perigos correm e tanto
maiores são esses perigos, (...) – (O Livro dos Médiuns, cap. 32, mensagens 12
do Espírito Joana D’Arc)
Como podemos ver, o termo mediunato foi dado pelos espíritos, que diferenciava duas
áreas da função mediúnica, a mediunidade natural ou
generalizada, a qual todos os seres humanos a possui em
algum grau, e a mediunidade de serviço ou mediunato, a qual são indivíduos investidos
espiritualmente de potenciais mediúnicos, que se mostram produzindo fenômenos
para finalidades específicas na encarnação, conhecidos como médiuns ostensivos.
Nesse trecho do O Livro dos Médiuns – item 159 do capítulo XIV, temos
referência na codificação quanto a generalizada:
“Todo aquele que sente,
num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium.
Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio
exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns
rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos,
médiuns.”
Esse trecho esclarece, existe uma relevante
diferença entre as duas áreas mediúnicas. Mas, um outro aspecto a ser
observado, na mediunidade natural se pode ser influenciado pelos Espíritos,
conforme ensina O Livro dos Espíritos
de Allan Kardec na questão 525 e 525-a, e no Livro dos Médiuns questão 244:
(...)A faculdade mediúnica
é para eles apenas um meio de se manifestar; na falta dessa faculdade, fazem-no
por mil outras maneiras, mais ou menos ocultas. Seria, pois, um erro crer que
só por meio das comunicações escritas ou verbais exercem os Espíritos sua
influência; esta influência é de todos os instantes, e os que não se ocupam com
os Espíritos, ou mesmo não creem neles, estão a eles expostos como os outros, e
mesmo mais do que os outros porque não têm contrapesos.(...)
Embasado nas instruções dadas por Allan Kardec
pode-se deduzir que é natural a nossa ligação com o plano espiritual pela
mediunidade generalizada, pois é por meio dela também, que recebemos a
influência e as intuições dos nossos guias e mentores espirituais, como também,
dessa mesma forma, sofremos a influência dos espíritos inferiores, se não
observarmos o preceito de Jesus: “Vigiai e Orai”.
Há mais uma ressalva a fazer quanto a
mediunidade natural, ela possui vários graus (ver O
Livro dos Médiuns – item 159), assim sendo, há médiuns naturais que tem
capacidade de sentir, registrar e de captar as vibrações dos Espíritos em algum
grau. Estes são os sensitivos ou impressionáveis, embora não sejam intermediários dos
Espíritos (Livro dos
Médiuns, item 164).
O termo “vibracional” ou “médium vibracional”
possui sinônimos na literatura espírita, tais como: “participante”,
“assembleia”, “assistente”, “apoio” e “médium de sustentação”.
E segundo o dicionário de termos espíritas - Doutrina
Espírita no Tempo e Espaço, o papel do vibracional é daquele que “procura
envolver o irmão necessitado, encarnado ou desencarnado, em ondas de energia eletromagnética
imbuídas de afeto, bem estar, saúde, através da oração e do pensamento em Deus.
(...) modernamente o termo médium de sustentação, vem sendo aplicado, entre
outros, ao encarnado que, participando de uma reunião mediúnica, não sinta qualquer
influência significativa
à presença de um espírito desencarnado”.
Hermínio Miranda, no livro Diálogo com as Sombras,
denomina o médium de sustentação, de participante. De acordo com Miranda, o
participante deve preparar-se para a situação eventual de conviver com o grupo
por muitos anos, sem que nenhum fenômeno ostensivo seja apresentado em sua intimidade,
sendo comum mesmo o desenvolvimento de preciosas mediunidades, as quais se
acham apenas em potencial, em período de expectativa e de provas, a fim de se
lhes experimentarem a paciência e a tenacidade.
Miranda destaca um esclarecimento dado por um
dos Espíritos orientadores do grupo ao qual pertenciam. Quando lhe foi
perguntado sobre a função de um dos integrantes sem mediunidade ostensiva,
afirmou que (...) tal pessoa (...) prestava excelentes serviços, como um dínamo
de vibrações amorosas, de que estava pleno o seu coração. Esses recursos eram
amplamente utilizados no trabalho, sem que ela tivesse consciência do fato.
Independentemente da denominação recebida, percebe-se o valor deste instrumento de Jesus, como aquele carreador de correntes vibratórias, tão importantes para a realização dos fenômenos mediúnicos, como é o médium ostensivo. Muitos destes médiuns, chamados de sustentação, desconhecendo essa realidade, lamentam muitas vezes não terem reencarnado com um determinado aspecto mediúnico, ou seja, com mediunidade ostensiva, por acharem que a sua participação em uma sessão espírita seja de menor importância.
3. Vibração e Vibracionais
Na literatura espírita encontramos diversos
exemplos que mostram a importância da vibração nas tarefas dirigidas pela
espiritualidade. O termo “vibração”, embora muito utilizado atualmente, tem
sido expresso de diferentes maneiras na literatura espírita, como as de André
Luiz, tais como “forças mentais”, “raios mentais”, “energias psíquicas”, “raios
vitais”, “raios ectoplásmicos”, “forças ou energias ectoplásmicas”, “magnetismo
humano”, “forças magnéticas”, “raios”, “ondas”.
Vibração, segundo o
dicionário de termos espíritas, “consiste na reunião de algumas pessoas que, em
prece e pela ação da vontade, emitem pensamentos benevolentes para uma pessoa
que esteja, física ou moralmente doente, ou mesmo sã, mas atravessando período
de dificuldades. (...) O pensamento é vida, dinamicidade e, dessa forma,
qualquer pessoa pode emitir vibração em benefício ou prejuízo de outrem, de
acordo com os sentimentos próprios; porém, a vibração propriamente dita tem
sempre a finalidade de auxiliar alguém”. E por fim, “vibrar é emitir
pensamentos de amor, saúde, equilíbrio, em benefício de uma ou mais pessoas que
estejam à distância ou mesmo presentes. Essa atitude provoca emissão de fluidos
salutares em maior ou menor intensidade, conforme a vontade e preparo
espiritual de cada médium vibracional”.
Essas vibrações que
emitimos estão relacionadas diretamente à capacidade de pensar. Pensar é vibrar.
De acordo com o conteúdo e características dos pensamentos de uma pessoa,
pode-se, de forma simplificada, classificá-la como possuidora de uma vibração
baixa ou elevada. A vibração elevada é característica de espíritos esclarecidos
e evangelizados, os quais exercitam constantemente o amor, a caridade, a
benevolência, o devotamento, a abnegação e o autoconhecimento. Possuem interesses
voltados principalmente para a vida espiritual. Já a vibração baixa é
característica de espíritos ignorantes e pouco evangelizados, nos quais
predomina ainda o orgulho, o egoísmo, o ódio, o rancor, a inveja e o fato de
estarem ligados principalmente à vida material.
Na maioria de nós ainda há
o predomínio das vibrações baixas na maior parte do tempo e possuímos momentos
de vibrações “um pouco mais elevadas”. Portanto, quando nos candidatamos a ser
médiuns vibracionais em qualquer tarefa espírita, inclusive em reuniões
mediúnicas, temos pela frente o desafio de sustentar, por uma ou algumas horas,
boas vibrações que possibilitem o desenvolvimento harmonioso dos trabalhos. É importante
lembrar que o alcance dos objetivos traçados pela espiritualidade para a reunião
depende desse esforço.
Finalizando, estas reflexões iniciais sobre vibração e vibracionais, médiuns vibracionais em uma reunião mediúnica são todos os presentes, não importando qual função desempenhem (dirigente, esclarecedores, médiuns ostensivos, médiuns de sustentação e inclusive visitantes). E vale lembrar que não são, necessariamente, aqueles que há meses ou anos frequentam a reunião, uma vez que aquele que visita a reunião pela primeira vez pode vibrar mais adequadamente que o próprio tarefeiro. Isso ocorre quando o tarefeiro passa, ao longo dos meses ou anos, a realizar sua tarefa de forma automática, sem amor, sem carinho, como uma simples rotina. E então passa a vibrar menos intensamente acreditando que toda reunião é igual às anteriores, ou seja, acomoda-se.
4. A função do médium de sustentação
O que fazer, como fazer, o que não fazer como
vibracional? O que deve ser feito pelo médium de sustentação durante uma
reunião mediúnica para manter uma vibração que verdadeiramente auxilie no bom
andamento dos trabalhos? São questionamentos que vêm à nossa mente quando
estamos imbuídos do espírito de boa vontade e empenhados nas tarefas do bem.
Para começar a refletir trazemos as palavras
do Livro dos Médiuns, capítulo 29, item 341, na qual são apresentadas as
condições necessárias para o trabalho de um vibracional (chamado no
Livro dos Médiuns de assistente):
(...) Estas condições se contêm
todas nas disposições morais dos assistentes e se resumem nos pontos seguintes:
Perfeita comunhão de vistas e de sentimentos; Cordialidade recíproca entre
todos os membros; Ausência de todo sentimento contrário à verdadeira caridade
cristã; Um único desejo: o de se instruírem e melhorarem, por meio dos ensinos
dos Espíritos e do aproveitamento de seus conselhos. (...) Exclusão de tudo o
que, nas comunicações pedidas aos Espíritos, apenas exprima o desejo de
satisfação da curiosidade; Recolhimento e silêncio respeitosos, durante as
confabulações com os Espíritos; União de todos os assistentes, pelo pensamento,
ao apelo feito aos Espíritos que sejam evocados; Concurso dos médiuns da
assembleia, com isenção de todo sentimento de orgulho, de amor-próprio e de
supremacia e com o só desejo de serem úteis. Serão estas condições de tão
difícil preenchimento, que se não encontre quem as satisfaça? Não o cremos;
esperamos, ao contrário, que as reuniões verdadeiramente sérias, como as que já
se realizam em diversas localidades, se multiplicarão (...)
Enumeramos
a seguir a função do vibracional, e como deve ele proceder:
1º.
Deve
envolver-se com o estudo, principalmente, do Livro dos Médiuns, do Livro dos
Espíritos e do Evangelho Segundo o Espiritismo; preparar o assunto de estudo da
reunião mediúnica com a devida antecedência; prestar atenção na leitura e nos
comentários realizados; refletir sobre o que está sendo discutido. O estudo nos
auxilia no envolvimento com a tarefa e com a espiritualidade amiga antes mesmo
do dia marcado para a reunião, bem como nos ajuda no envolvimento vibratório
com o trabalho.
2º.
Vibrar
positivamente para a reunião em suas preces diárias, mentalizando cada
companheiro de tarefa; vibrar desde o momento que se entre na Casa Espírita.
3º.
Vibrar no
início da segunda parte da reunião na prática mediúnica, para o esclarecedor
que realizará o diálogo, envolver em energias positivas, sobretudo o espírito
comunicante.
4º.
Caso o
vibracional verifique que o esclarecedor passa por alguma dificuldade, no
momento do diálogo com o espírito comunicante, ele deve direcionar, nesse caso,
prece para o esclarecedor, enviando-lhe sugestões mentais de alternativas.
5º.
Compromisso
com a casa, o grupo, os mentores e os assistidos: conhecendo e observando os
regulamentos internos a fim de segui-los; evitando faltar sem avisar o
dirigente ou um dos colegas; lembrando que mentores contam com a presença de
todos para atuar vibratoriamente no ambiente;
6º.
O médium
de sustentação não pode ter qualquer tipo de preconceito, seja com os
assistidos encarnados ou desencarnados, seja com os colegas de trabalho, seja
com os dirigentes etc. Ele não está ali para julgar ou criticar os casos que
tem a oportunidade de observar, mas para colaborar para que sejam solucionados
da melhor forma, de acordo com a sabedoria e a justiça de Deus.
7º. O médium de sustentação deve ser discreto, nunca deve relatar ou comentar, dentro ou fora da casa, as informações que ouve, os problemas dos quais fica sabendo e os casos que vê nos trabalhos de que participa. A discrição deve ser sempre observada, não só por respeito aos assistidos, como também por segurança, para que entidades envolvidas nos casos atendidos não venham a se ligar aos trabalhadores da tarefa.
5. O que deve evitar o Vibracional
I.
Não ficar
em total fixação no diálogo que está sendo realizado, embora seja necessária
uma atenção mínima. Se fixarmos em demasia a atenção no diálogo e nos problemas
dos companheiros a serem auxiliados, não vibramos, deixando de atingir o principal
objetivo da tarefa.
II.
Não
permanecer de olhos abertos, uma vez que isso faz com que o vibracional passe a
se ocupar das coisas que vê no plano físico, perdendo o foco principal. Esse
fato dificulta a concentração, inclusive sua sintonia com os próprios mentores;
III.
Não olhar fixamente para o médium pelo qual o espírito se comunica. Esse
fato muitas vezes inibe o espírito que se comunica, fazendo-o se sentir
intimidado, ameaçado, sob vigilância constante daqueles que lhe dirigem o
olhar.
IV.
Não permitir
que sua vibração oscile durante a reunião. Vejamos em que situações isso
ocorre:
-
Pensamento distante,
longínquo causa a
redução da capacidade de doação de energias, mediante a perda da concentração.
Cada vez que o pensamento foge, a vibração oscila (as contas a serem pagas, a
chuva que cai e não trouxe guarda-chuvas etc.).
-
Não desconcentrar para
algum acontecimento na sala,
por exemplo: acompanhar ou deixar ser incomodado com a movimentação do
coordenador pela sala quando ele busca tomar providências; pensar durante a
comunicação de um espírito se o que ele diz tem a ver comigo, com meu filho
etc.
-
Deixar se envolver pelo
problema trazido pelo
espírito comunicante: normalmente quando isso ocorre é porque nos identificamos
com a situação narrada pelo espírito (dificuldades materiais, drogas, filhos
difíceis, separação etc.). E quanto aos nossos deslizes de pensamento, André
Luiz nos mostra, no livro Os Mensageiros, um exemplo de como não
proceder numa reunião mediúnica:
Reparamos que alguns irmãos
encarnados se mantinham irrequietos, em demasia. Mormente os mais novos em
conhecimentos doutrinários exibiam enorme irresponsabilidade. A mente lhes
vagava muito longe dos comentários edificantes. Viam-se lhes, distintamente, as
imagens mentais. Alguns se prendiam aos quefazeres domésticos, outros se
impacientavam por não lograrem a realização imediata dos propósitos que os
haviam levado até ali. (...) Ora, se os amigos encarnados não tomam a sério as
responsabilidades que lhes dizem respeito, fora dos recintos de prática
espiritista, se, porventura, são cultores da leviandade, da indiferença, do
erro deliberado e incessante, da teimosia, da inobservância interna dos
conselhos de perfeição cedidos a outrem, que poderão concentrar nos momentos
fugazes de serviço espiritual? Boa concentração exige vida reta.
V.
Jamais dormir na reunião
quando estiver cansado ou com muito sono, isto deverá ser comunicado ao dirigente,
pois o fato de dormir cria dificuldades para a reunião e para si mesmo. Ao
dormir deixamos de estar atentos, vigilante e podemos facilmente ser ou estar
sendo envolvidos por irmãos mal intencionados presentes à reunião. Também é
muito comum confundir sono com desdobramento. Quando estamos desdobrados em
trabalho conservamos uma certa consciência do que está acontecendo, e quando
dormimos não temos consciência alguma do que está ocorrendo.
VI.
Não vibrar contra o doutrinador
poque pode ocorrer que o assistente fique torcendo para que o Espírito
perturbado vença a querela e até sente uma certa euforia quando nota o embaraço
do orientador. Não se dá conta que, nesse estado mental, entra em sintonia com
o Espírito malfazejo”.
VII.
Não entrar
na corrente de vibração se não estiver se sentindo bem, é necessário informar o
fato ao dirigente da reunião, com antecedência, para que ele providencie sua
permanência na reunião, fora da corrente, onde poderá ser auxiliado. Sua
permanência na corrente poderá criar dificuldades para si mesmo, aos demais e
para com o trabalho.
VIII. Não ficar impaciente se o tempo estipulado se prolongar além do previsto: se esse fato acontece se deve às alterações da programação da espiritualidade, que busca atender casos de urgência. Reflitamos sobre esta questão: ao ficarmos ansiosos pelo término da reunião vibraremos contra o bom andamento da tarefa, o que é falta de caridade. O vibracional deverá ser principalmente um trabalhador de boa vontade.
6. Necessidade e utilidade da Vibração
Com relação à utilidade geral das vibrações,
importantes esclarecimentos são dados no livro Missionários da Luz. Já, no primeiro
capítulo, André Luiz relatando uma reunião mediúnica diz que “As energias dos
encarnados se casavam aos fluidos vigorosos dos trabalhadores de nosso plano de
ação, congregados em vasto número, formando precioso armazém de benefícios para
os infelizes, extremamente apegados às sensações fisiológicas”. Seguindo no capítulo 17, nos informam que
“Com os raios de energia,
de variada expressão emitidos pelo homem encarnado, podemos formar certos
serviços de importância para todos aqueles que se encontrem presos ao padrão
vibratório do homem comum”.
Um uso importante da vibração é na adaptação
de espíritos ao plano espiritual. Muitos irmãos, ao desencarnar, trazem um
padrão vibratório muito baixo e não conseguem se adaptar facilmente ao novo
ambiente. As vibrações dos encarnados beneficiam esta adaptação, conforme
poderemos observar no relato a seguir, do livro Os Mensageiros, no
capítulo 48:
Grande número de criaturas,
porém, na passagem para cá, sentem-se possuídas de “doentia saudade do
agrupamento”, como acontece, noutro plano de evolução, aos animais, quando
sentem a mortal “saudade do rebanho”. Para fortalecer as possibilidades de
adaptação dos desencarnados dessa ordem ao novo “habitat”, o serviço de socorro
é mais eficiente, ao contacto das forças magnéticas dos irmãos que ainda se
encontram envolvidos nos círculos carnais. (...) E, designando a grande
assembleia de necessitados, continuou: — Os irmãos, nas condições a que me
refiro, ouvem-nos a voz, consolam-se com o nosso auxílio, mas o calor humano
está cheio de um magnetismo de teor mais significativo, para eles. Com
semelhante contacto, experimentam o despertar de forças novas.
No livro Nos Domínios da Mediunidade encontramos
informações que reforçam a ideia da existência de tipos diferentes de
energias liberadas pelos encarnados e que servem, portanto, para
variados fins. É mencionado no livro que “Todas as criaturas, porém, guardam-nas consigo,
emitindo-as em frequência que varia em cada uma, de conformidade com as tarefas
que o Plano da Vida lhes assinala”.
Luiz Gonzaga Pinheiro, no livro O Perispírito e Suas Modelações, relata
no capítulo 43 a necessidade de que a espiritualidade filtre as energias
provenientes dos encarnados, pois, muitas vezes, se encontram comprometidas
devido ao “regime alimentar excessivamente carnívoro, ao uso de
alcoólicos, temperos picantes e outros vícios mentais e materiais”.
A vibração possui variadas aplicações que não poderíamos detalhar todos
nesta apostila. Concluímos esta matéria citando alguns outros usos a seguir:
Materialização de espíritos, de quadros e de objetos acessórios no plano espiritual,
em auxílio ao trabalho de desobsessão; Auxílio direto aos pacientes
desencarnados e encarnados e, em alguns casos, inclusive aos tarefeiros da
equipe espiritual; Reestruturação dos perispíritos das entidades comunicantes, que
se apresentavam mutilados, feridos e até sem a forma humana.
7.
Preparo para a Reunião
Mediúnica
Ao
se integrar em uma equipe de reunião mediúnica, cada componente deve
compenetrar-se da necessidade de uma preparação adequada à importância do
trabalho que se propõe realizar. Sendo que todos os componentes deveram fazer o
mesmo preparo, pois os deveres são os mesmos, embora as funções sejam
diferentes.
Ao despertar:
Acolher ideias de natureza superior.
Intenções e palavras puras, atitudes e ações limpas. Evitar rusgas e
discussões, sustentando paciência e serenidade.
Prece e Meditação:
Pelo menos, durante alguns minutos, no lar,
no dia de reunião dedicar-se à prece e meditação. Evitar vulgaridades, ligando
as tomadas do pensamento ao mais alto.
Alimentação:
Leve (estômago cheio, cérebro inábil) pratos
ligeiros e quantidades mínimas para facilitar a digestão, sem comprometimento
para o trabalho, evitando o sono e cansaço prejudiciais. Totalmente impróprio o
uso de álcool. Se não puder abster-se, reduzir ao mínimo: Fumo - Carne - Café -
Condimentos.
Repouso Físico e Mental:
a.
Após o trabalho profissional, se possível, reservar alguns minutos para o
refazimento do corpo e da alma (preparo externo e interno);
b.
Leituras salutares;
c. Estar
higienizado e vestido com sobriedade (roupas que não apertem, calçados sem
salto barulhento), sem perfumes fortes (para não perturbar aos outros).
Superação de Impedimento:
Chuva ou frio não devem constituir
impedimentos insuperáveis. Frente a visitas inesperadas ou pedidos de socorro,
ajudar e prosseguir para a tarefa. Surgindo contratempos, superá-los buscando
as obrigações espirituais que nos aguardam.
Pontualidade:
Pontualidade – disciplina de vida. É sempre
dever, mas na desobsessão assume caráter solene. Não haja falha de serviço por
nossa causa. Não se pode esquecer que o fracasso, na maioria das vezes, é o
produto infeliz dos retardatários e dos ausentes.
Na sala de reunião:
Evitar vozerio, críticas, gargalhadas,
comentários alheios à tarefa, queixas, azedume, apontamentos irônicos. Inclinar
o sentimento ao silêncio e à compaixão e à elevação de propósitos, a fim que
tudo ocorra em harmonia na construção do bem.
8. O Vibracional e sua Importância
Faz-se necessário ressaltar mais uma vez, que
numa reunião mediúnica a sustentação vibratória tem um papel primordial para
que o plano espiritual possa usar os recursos em benefício do êxito do trabalho
que depende, segundo André Luiz, “da colaboração de todos os componentes do
grupo”. Note-se o esclarecimento do Instrutor Áulus, quando assinala que “as energias ectoplásmicas
são fornecidas pelo conjunto dos companheiros encarnados”.
O concurso geral, prestado pelo conjunto dos
companheiros encarnados - sejam eles médiuns ostensivos ou de sustentação -,
pode ser ainda exemplificado com base em um trecho do livro de André Luiz em Missionários
da Luz, que está transcrito a seguir:
Vários ajudantes de serviço
recolhiam as forças mentais emitidas pelos irmãos presentes, inclusive as
que fluíam abundantemente do organismo mediúnico. (...) Esse material -
explicou-me ele, bondosamente - representa vigorosos recursos plásticos para
que os benfeitores de nossa esfera se façam visíveis aos irmãos perturbados e
aflitos ou para que materializem provisoriamente certas imagens ou quadros,
indispensáveis ao reavivamento da emotividade e da confiança nas almas
infelizes. Com os raios e energias, de variada expressão, emitidos pelo homem
encarnado, podemos formar certos serviços de importância para todos aqueles que
se encontrem presos ao padrão vibratório do homem comum, não obstante
permanecerem distantes do corpo físico. (...) Alexandre chamava a si um dos
diversos cooperadores que manipulavam os fluidos e forças recolhidos na
sala. (...) Em todos os serviços, o
material plástico recolhido das emanações dos colaboradores encarnados satisfez
eficientemente. Não era mobilizado apenas pelos amigos de mais nobre
condição, que necessitavam fazer-se visíveis aos comunicantes; era empregado
também na fabricação momentânea de quadros transitórios e de ideias-formas, que
agiam beneficamente sobre o ânimo dos infelizes, em luta consigo mesmos.
Diante dos apontamentos feitos pelo autor
espiritual, podemos concluir que o “médium vibracional” desempenha a função de
um “dínamo de vibrações amorosas”, cujos recursos são amplamente utilizados no
trabalho. Note-se que o “material plástico, recolhido das emanações dos colaboradores encarnados,
satisfez eficientemente”,
a fim de não só “ser mobilizado pelos amigos de mais nobre condição, os quais
necessitavam fazer-se visíveis aos comunicantes”, mas também de ser “empregado na fabricação
momentânea de quadros transitórios e de ideias-formas”. Acrescenta-se também, que esse material
plástico é usado para formação do copo d’água, da maca, leitos, medicamentos, utensílios médicos etc., para o atendimento aos Espíritos socorridos no local.
É neste momento, que o vibracional mentalizando (deve criar em sua mente) o
objeto verbalizado pelo esclarecedor, que auxiliará no trabalho e nos recursos
para formação deste. Também se lê a respeito em O
Livro dos Médiuns, cap. 8, item128/4, onde os Espíritos superiores dizem que eles (Espíritos)
podem “concentrar esses elementos pela sua vontade e dar-lhe a forma aparente
que convenha às suas intenções”.
É importante que o
vibracional compreenda que ele não é um mero participante, e sim um elemento
indispensável capaz de ser um foco de irradiação contínua de bons pensamentos e
de energias salutares. E sendo de extrema importância seu desempenho, podemos
delimitar que, em trabalho, esse participante de reunião mediúnica “deve
permanecer vigilante e calmo, evitar o sono, acompanhar a condução do dirigente
e atuação dos médiuns ostensivos e esclarecedores, auxiliando-os com suas
vibrações e preces”.
Enfim, não menos importante de citar, a formação
intelectual e moral do médium de sustentação. O médium de sustentação esclarecido de suas
responsabilidades deve incessantemente implementar sua formação
evangélico-doutrinária e em sua reforma íntima. É preciso o esforço individual, para que o
trabalho do grupo seja eficaz, pois é necessário ressaltar, conforme nos
esclarece Emmanuel, que o apostolado mediúnico não se constitui tão somente da movimentação das
energias psíquicas em suas
expressões fenomênicas e mecânicas.
Assim, os “médiuns de sustentação” devem perseverar,
não pelo desejo de possuírem tarefas de maior vulto em um futuro próximo, mas
pelo desejo sincero de cooperar com a obra do Senhor, compreendendo que não
existem tarefas mais nobres que outras e sim trabalhadores mais dedicados que
outros; enfim, por terem plena consciência de que todos devem cumprir sua
função e que todo e qualquer mérito deverá ser reportado ao Supremo Senhor.
BIBLIOGRAFIA:
1. O Livro dos Médiuns. Allan Kardec, itens 128, 187, 236, 244, 341;
2.
O Livro dos Espíritos. Allan Kardec, questões
459 e 472;
3.
Apostila Médium de Sustentação, União Espírita Mineira;
4.
Mediunidade. José Herculano Pires, cap. 2;
5.
Pensamento e Vida. Francisco C. Xavier/Emmanuel, ‘Associação’;
6.
Missionários da Luz.
Francisco C. Xavier/André Luiz, cap. 17;
7.
Os Mensageiros. Francisco C. Xavier/André Luiz, cap. 48;
8.
Informativo COMCIÊNCIA. Ano I –
Nº 5-Jul-Ago/2006;
9.
Revista Ciência e Espiritismo, de outubro de 2005;
10.
O Perispírito e Suas Modelações. Luiz Gonzaga Pinheiro, cap. 43;
11.
Doutrina Espírita no Tempo e Espaço -
800 Verbetes. A. Merci Spada Borges;
12.
Qualidade na Prática Mediúnica. Divaldo Franco/Projeto Manoel P. de Miranda;
13.
Desobsessão. Francisco C. Xavier/Waldo
Vieira/André Luiz.